quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Currículo Escolar


Currículo no contexto escolar

Dito de forma resumida, o currículo é a organização do conhecimento escolar.
Essa organização do currículo se tornou necessária porque, com o surgimento da escolarização em massa, precisou-se de uma padronização do conhecimento a ser ensinado, ou seja, que as exigências do conteúdo fossem as mesmas. 
No entanto, o currículo não diz respeito apenas a uma relação de conteúdos, mas envolve também:
“questões de poder, tanto nas relações professor/aluno e administrador/professor, quanto em todas as relações que permeiam o cotidiano da escola e fora dela, ou seja, envolve relações de classes sociais (classe dominante/classe dominada) e questões raciais, étnicas e de gênero, não se restringindo a uma questão de conteúdos”. (HORNBURG e SILVA, 2007, p.1)
Veiga (2002) complementa
“Currículo é uma construção social do conhecimento, pressupondo a sistematização dos meios para que esta construção se efetive; a transmissão dos conhecimentos historicamente produzidos e as formas de assimilá-los, portanto, produção, transmissão e assimilação são processos que compõem uma metodologia de construção coletiva do conhecimento escolar, ou seja, o currículo propriamente dito.” (VEIGA, 2002, p.7)
Assim, isso implica que essa organização – feita principalmente no projeto-político-pedagógico de cada escola – deve levar em conta alguns princípios básicos da sua construção. Entre eles o fato de, como já dito, o processo de desenvolvimento do currículo ter sido cultural e, portanto, não neutro. Sempre visa privilegiar determinada cultura e, por isso, há a necessidade de uma criteriosa análise e reflexão, por parte dos sujeitos em interação, no caso as autoridades escolares e os docentes com o mesmo objetivo, baseando-se em referenciais teóricos.
O currículo não é estático, pelo contrário, ele foi e continua sendo construído. A reflexão sobre isso é importante, porque, conforme Veiga (2002, p. 7) afirma, “a análise e a compreensão do processo de produção do conhecimento escolar ampliam a compreensão sobre as questões curriculares”.
Hoje em dia, a organização do currículo escolar se dá de forma fragmentada e hierárquica, ou seja, cada disciplina é ensinada separadamente e as que são consideradas de maior importância em detrimento de outras recebem mais tempo para serem explanadas no contexto escolar.
Vários autores apontam para a possibilidade de o currículo não ser organizado baseando-se em conteúdos isolados, pois vivemos em um mundo complexo, que não pode ser completamente explicado por um único ângulo, mas a partir de uma visão multifacetada, construída pelas visões das diversas áreas do conhecimento. A organização do currículo deve procurar viabilizar uma maior interdisciplinaridade, contextualização e transdisciplinaridade; assegurando a livre comunicação entre todas as áreas.
A organização do currículo escolar de forma hierárquica e fragmentada precisa ser revista, pois vivemos em um mundo complexo que não pode ser completamente explicado por uma única área do conhecimento.
A organização do currículo escolar de forma hierárquica e fragmentada precisa ser revista, pois vivemos em um mundo complexo que não pode ser completamente explicado por uma única área do conhecimento.
Visto que o currículo é uma questão tão importante no aspecto escolar, este passou então a ser visto “como um campo profissional de estudos e pesquisas” (HORNBURG e SILVA, 2007, p.1). Por isso, surgiram muitas teorias curriculares.
Correia e Dias (1998, p. 115) mostram que apesar de essas teorias não serem perspectivas acabadas, “elas convertem-se em marcos orientadores das concepções sobre a realidade que abarcam, e passam a ser formas, ainda que indiretas, de abordar os problemas práticos da educação.”
Citando diversos autores com teorias curriculares distintas, Correia e Dias nos fornecem uma visão mais ampla dos papéis que o currículo ou curriculum pode abarcar:
“a teoria técnica do curriculum expressa o curriculum como um plano estruturado de aprendizagem centrado nos conteúdos ou nos alunos ou ainda nos objetivos previamente formulados, com vista a um dado resultado ou produto (Pacheco, 1996). De acordo com a primeira perspectiva, o curriculum centra-se nos conteúdos como produtos do saber culto e elaborado sob a formalização de diferentes disciplinas. Mas o curriculum pode também expressar-se, de acordo com as concepções de curriculum propostas por Gimeno Sacristán (1991), através das experiências e dos interesses dos alunos, sendo entendido como um meio de promoção da sua autorrealização. E, por último, o curriculum pode ser entendido como um plano de orientação tecnológica que se prende com aquilo que deve ser ensinado e como deve ser, em ordem a um máximo de eficiência. Neste sentido, o professor é um mero "operário curricular" que tem a tarefa de executar um plano.” (CORREIA  e DIAS, 1998, p. 115).


Fonte: 
 FOGAÇA, Jennifer. Currículo  no Contexto Escolar. Equipe Brasil Escola. Disponível em: http://educador.brasilescola.com/orientacao-escolar/curriculo-no-contexto-escolar.htm. Pesquisado em 26/09/2012.

Tipos de Currículo Escolar:

Currículo Real:
 É aquele praticado  no cotidiano escolar, mediante a aplicação dos conteúdos e todas as atividades pedagógicas vivenciadas pelo meio.

Currículo Oculto:
Trata-se da forma implìcita fruto das influências dos meios externos e internos sobre todo o processo de aprendizagem das interações sociais entre professor-aluno e aluno-aluno não configurando uma forma documentada.

Currículo Prescrito:
Caracteriza-se pela normatização e padronização dos conteúdos a serem ministrados pelas instituições de ensino. provenientes das secretarias de educação e MEC. É o chamado currículo oficial.

Proposta de debate para os professores

Diante do novo cenário educacional do país mergulhado em um quadro de fragilidade e instabilidade sócio educacional, tornando em muitas ocasiões difícil de se ministrar quaisquer tipo de conteúdo. Qual deve ser areal postura do profissional da educação perante uma clientela cada vez mais desinteressada e sem limites?
A adequação do currículo as novas realidades não estaria tornando-o "pobre"?